Quem somos nós? Vamos explicar.
Nós somos um casal de 66 e 69 anos, com dois filhos de 38 e 35 anos, que adora conhecer o Brasil pelo chão, pelas rodovias brasileiras. Moramos em Brasília, temos um pequeno sítio a 60 km da Capital Federal e um pequeno flat em Salvador. Nesta nossa família de apaixonados por carros e estradas, há dois mineiros, uma amazonense, dois brasilienses, dois aposentados do Banco do Brasil, um farmacêutico-e bioquímico, dois Mestres em Ciências Genômicas, uma bióloga, um advogado, um Doutorando em Genética, um economista, uma bacharel em comunicações, um consultor de empresas, dois radioamadores, um profissional de Segurança Pública, três criadores de 14 cães e um gato, 6 vacas Jersey e 70 galinhas criadas soltas. Tudo isso em um total de 5 pessoas.
E “nossa vida é andar por esse País”, como diria Dominguinhos. E foi o que fizemos em nossas férias nos últimos 41 anos. Eu e minha esposa e navegadora Ivanizes estamos completando, em 2018, 1.647.000 (um milhão e seiscentos e quarenta e sete mil) km rodados A PASSEIO pelas estradas brasileiras, sem um acidente, sem um para-lamas amassado.
Já fizemos viagens antológicas em 30 dias de férias. Brasília-Vitória(ES)-Salvador-Aracaju-Maceió-Recife-João-Pessoa-Natal-Piripiri-Sete Cidades-São Luís-Belém-Brasília foi uma delas! Outra: Brasília-São Paulo-Itajaí-Florianópolis-Araranguá-Porto Alegre-Chuí-Punta del Este-Montevideu-Bagé-Ijuí-Foz do Iguaçu-Sete Quedas (às vésperas do desaparecimento por causa de Itaipu)-Maringá-Caldas Novas-Brasília.
Adquirimos nossa “base” em Salvador, no Farol da Barra, em 1989. A família é absolutamente fanática pelo Carnaval da Bahia. Isso gerou viagens anuais à capital baiana, até minha aposentadoria em 2005, quando as idas e vindas à Bahia se multiplicaram, gerando um conjunto de experiências e conhecimentos que concluímos que precisávamos dividir. Não sabíamos com quem, mas precisávamos.
Jogamos nossa rede na rede em 2007. O que veio foram uns poucos gatos pingados, velhos lobos de rodovias em férias, trocando experiências. 10, 20 visitantes a cada 60 dias, com 3 ou 4 comentários. Mas havia uma novidade. E nós fomos atropelados por ela. Demoramos a entender, até conversar com um patrulheiro rodoviário da PRF, em Ibotirama. Ele nos disse que “eles estavam morrendo aos montes”. -“Eles quem?”, perguntamos. – “Os cidadãos. Com a melhoria da estrada. Com a compra dos carros 1.0. Inexperiência. Sem noção de perigo.”
Naquele momento, percebemos que o nosso papel não seria só divulgar a melhor rota para Salvador, que conhecíamos tão bem. Era bem maior.
Mergulhamos na análise de dados, ocorrências, indicadores macroeconômicos e descobrimos que estávamos às voltas com um subproduto de uma fase que o país estava então vivendo. Muitos brasileiros tinham passado a poder comprar carros e motos financiados em até 72 meses. Centenas estavam viajando de férias para sua terra natal, principalmente no Norte e Nordeste, com justo orgulho, um mês depois de haverem tirado a carteira de motorista. E estavam morrendo aos montes.
Lançamos iscas. Eles vieram. Os nossos vinte ou trinta visitantes, velhos lobos das rodovias, muito nos têm ajudado a orientar essa enchente de pessoas com pouca ou nenhuma experiência, mas com humildade suficiente para querer aprender. Aprender a viajar, ser feliz, mas, acima de tudo, a ir e voltar!
Hoje, neste início de 2018, os visitantes a este blog estão na faixa de 6.600 a 6.700, em média. São os que chamamos de nossos “sputniks”, palavra russa que significa “companheiro de viagem”. Não ganhamos dinheiro com isso. Não temos interesse em votos. Não buscamos mídia. O nosso negócio é dividir nossos conhecimentos com essas famílias, para que possam se multiplicar, em vez de morrer na primeira viagem, com seus carros cheios de amigos, filhos, netos, sogras, pais e animais de estimação.
É isso que fazemos aqui. E temos contado com a ajuda de um monte de outras pessoas experientes, que entenderam a ideia e trazem sua vivência e sua sabedoria para ser servida no grande banquete do “pulo do gato” da sobrevivência nas estradas brasileiras.
E temos um avanço importante a comemorar depois de 11 anos de trabalho: cerca de 90% dos nossos visitantes e comentaristas, que viajam principalmente para o Nordeste, convenceram-se de que viajar à noite nessas rodovias, querendo chegar o mais rápido possível e evitar o pagamento de diárias de hotel, é o pensamento típico de motoristas jovens, imaturos e inexperientes, normalmente homens, viajando sós ou com outros jovens, sem família, esposas, filhos, sogros ou avós a bordo.
Essa simples mudança cultural nos deixa muito felizes. E as estatísticas confirmam: a matança se reduziu, a ponto de não aparecer na imprensa. Eventuais acidentes fatais continuam ocorrendo entre as 18h de um dia e as 06h00 do dia seguinte. E ultimamente têm-se concentrado entre Montes Claros(MG) e Salinas(MG), uma rota coberta por nós para as viagens a Porto Seguro, a partir de Minas Gerais. E à noite!
Sobreviver nessa selva que mata 60.000 por ano não é fácil. Por isso, não basta, apenas, escolher a rota indicada pelo blog. Recomendamos fortemente a leitura do post “Manual de Sobrevivência em viagens de férias nas rodovias brasileiras”, aqui mesmo no blog (www.expressaodaliberdade.com.br)., na aba “Rodovias Brasileiras”.
Seja bem-vindo e um grande abraço.