29.11.2010
(O espaço para comentários a esta matéria encontra-se ao final dela, após o último dos comentários).
Quando adquirimos nossa pequena propriedade rural de seis hectares, em 1981, a 50 km de Brasília, nossa escolha levou em conta prioritariamente a qualidade do solo (pobre, mas macio) e a disponibilidade de água (riacho e nascente).
Por trás de todo grande problema (água e terra), há sempre um problema pequeno lutando para crescer. Ao construirmos a primeira casinha (de pré-moldado, com 35 m2, erguida em 4 horas), para uso nos fins-de-semana, com água encanada da nascente, o probleminha secundário cresceu e apareceu: “Luz, queremos luz!”.
Depois de muitos fins-de-semana “românticos” à luz de lampiões, impunha-se uma solução. Saímos à cata dela. Uma velha bomba d´água, pequena (3,4 HP) a gasolina chamou nossa atenção. Arrancada a bomba, tínhamos um motorzinho com uma polia na extremidade.
No mercado de peças usadas, conseguimos um excelente alternador de Opala. Com uma pequena base de ferro feito numa serralheria, juntamos o motor e o alternador, através da polia e uma correia. O conjunto, em funcionamento por 30 minutos, carregava uma bateria de 60 Ah, que alimentava, nas noites dos fins-de-semana, uma Tv portátil de 5 polegadas de 12 volts e cinco lâmpadas fluorescentes também de 12 volts. Eventualmente, ligávamos o computadorzinho da época (TK90X, da Spectrum) para as crianças jogarem. E a geladeira era a gás (Ruralplex, da Brastemp).
Maravilha. Mas, por trás de um grande problema… “Não dá para a gente ver televisão de dia? E o computador?”. Claro que cargas sucessivas ao longo do dia resolveriam o problema, mas encurtariam a vida da bateria. Precisávamos de uma solução mais inteligente.
Placas fotovoltaicas da Heliodinâmica? Bingo! Muita leitura, folders e conversas depois, decidimo-nos por um par de placas, que mantinham carregadas, durante a semana, em carga lenta, quatro baterias de 60 Ah. Fez-se a luz! TV maior (de 10 polegadas e 12 volts), computadores mais modernos (TK2000, MSX da gradiente). E as placas lá, dando conta do recado.
Em 1990, concluímos o grande sonho: a casa-sede. Duzentos e quarenta metros quadrados, varandão em roda, quatro quartos, sala e cozinha amplas, treze lâmpadas fluorescentes de 12 volts, aquecedor solar de água (600 litros), estação de radioamador (Yaesu FT101E) e o escambau. E as placas fotovoltaicas lá, dando conta do recado. As tomadas eram de pino banana (P2), para ligarmos algum equipamento recém-lançado (de 12 volts).
Em 1993, chegou a energia elétrica. Convertemos a geladeira para 220 volts e aposentamos as placas e as baterias. Embalamos as placas cuidadosamente em plástico preto e fomos passando as baterias para os carros, à medida que as deles iam encerrando suas atividades.
Em 2001, vieram os apagões. Zona rural, quatro, cinco dias sem luz. Compramos uma geladeira nova e revertemos a velha para gás.
Em 2004, chegou a aposentadoria e, com ela, as temporadas mais longas na chácara. Com os apagões de um dia ou dois. E junto com eles, a saudade das velhas placas fotovoltaicas da Heliodinâmica, dormindo seu sono de uma década em seu invólucro de plástico preto.
Mas, como fazer? Quando a energia é restabelecida, ela é rainha. TV de 29 polegadas, PC, laptops, freezer, ventiladores, câmeras de segurança, alarmes, climatizadores, carregadores de celular – todos esses equipamentos são seus escravos e não sobreviveriam às nossas soluções de 20 anos atrás.
Como fazer para substituir, durante os apagões, essa rainha irresponsável e seus 220 volts? É possível converter os 12 volts da placa fotovoltaica em 220 volts? Outro problema: por questões de segurança, as luzes externas da casa ficam ligadas direto, acendendo apenas à noite através de relés fotovoltaicos (corujinhas). E onde, meu Deus do céu, alguém pensou em corujinhas de 12 volts?
Um dia, quando o apagão voltou pontualmente às 16h, eu estava no computador e o no-break me deu mais 15 minutos para terminar o trabalho que estava fazendo. Fiquei olhando para aquele no-break, enquanto encerrava o Windows. E vi que ele tinha entrada para baterias automotivas extras. E essas baterias poderiam assegurar energia de 110 volts, na proporção de 2 minutos de energia, para cada Ah da bateria. Ou seja, uma bateria de 60 Ah poderia fornecer duas horas de energia a 110 volts.
Bingo! Ligamos a rede de iluminação externa a um no-break, ligado na rede geral de 220v, “assessorado” por um conjunto de baterias (4) no total de 420 Ah, propiciando uma autonomia de 14 horas, ou seja, duas noites. Ao estender o sistema para a TV, a autonomia caiu para 12 horas. Isto é, se o apagão durasse mais de 48 horas, todas as baterias estariam descarregadas e o sistema pararia de funcionar.
Por questões de segurança, duplicamos a rede de iluminação externa da casa com lâmpadas de emergência de LED (oito horas de autonomia), que se responsabilizam pela luz externa quando tudo falhar. Mas, queríamos uma margem de segurança maior: se pudéssemos carregar as baterias DURANTE o apagão, teríamos uma autonomia quase ilimitada – se os apagões não exagerassem. Como fazer?
Bingo! Desembalamos as placas fotovoltaicas da Heliodinâmica de seu plástico preto, instalamos no teto da casa e ligamos os seus dois fios mágicos nas baterias, que passaram a ser carregadas por elas, durante o dia, enquanto durar o apagão.
Hoje, em noite de apagão, quando eventualmente retorno de minha viagem mensal a trabalho, vejo, do alto da colina, meu “transatlântico” iluminado, atravessando a escuridão do cerrado. Estou ciente de que minha esposa está lá na sala assistindo TV, meu filho mais novo está navegando na internet, as câmeras filmando e registrando toda a propriedade, os alarmes acionados e os celulares carregados e funcionando. E os vizinhos perguntam: “Como é possível?”. Tudo isso deu uma vontade danada de contar para todo mundo como foi. E aí está!
P.S: Por trás de um grande problema….Pois é: quando tudo se esgotar durante um apagão-monstro, as lâmpadas de emergência, ligadas ao no-break, nosso último recurso, entrarão em ação…inclusive durante o dia! Como colocar corujinhas nas lâmpadas de emergência, de modo que só funcionem à noite? Aceitamos sugestões.
(Edimar Abreu – 02.12.2009)
Boa Tarde Edimar Rodrigues Abreu !!!
Tenho acompanhado o seu blog, e muito esclarecedor, portanto estou enviando tb um problema, já que o seu lema é “todo problema com poços tem solução. Só precisamos saber qual é o poço e qual é o problema” Então vamos lá!
CARACTERÍSTICAS DO POÇO DADOS:
-Data aprox. 25 anos, manutenção corretiva (à executar) parado desde 15/09/15.
– O Poço Artesiano existente estava funcionando c/a bomba de submersível.
– Nível Dinâmico: 56 m
– Vazão aproximada: 10m³/h
– Profundidade: 130 m (????)
– Diâmetro: 6’
– Nivel Estático: 30 m
– Bomba Marca Vambro, Modelo VHUP623077, equipada c/ motor de 6,0 Hp, 220 volts
– cabeamento, tipo PP 3×6 mm²
– Diagnosticado e os trabalhos serão executados nas seguintes etapas distintas:
1. Perfilagem óptica antes da limpeza;
2. Perfilagem óptica após a limpeza;
– A operação se trata de inserir uma câmera de 2″ de diâmetro dentro do poço com visada de fundo e lateral a fim de identificar as estruturas do poço e posicionamento das possíveis entradas de água e/ou alguma singularidade.
-Foi identificado um ponto de ruptura na tubulação de aço a 48,00 metros que possui fluxo de água para dentro do poço;
-Foi identificada entrada de água na altura dos 48,00 metros e aos 60,00 metros o poço encontra-se obstruído;
-Objeto não identificado claramente com indícios de uma tubulação de menor diâmetro; fizemos algumas operações para verificar alguma possibilidade de maior profundidade;
-Uso do compressor bombeou-se o poço para retirar o excesso de impureza do poço;
-Em 60m de profundidade foi observado uma obstrução que não permite o deslocamento da tubulação para uma maior profundidade.
– Temos duas soluções a tomar:
1.Solução: Intervenção no poço a definir entre processo de Pescaria e tentativa de recuperação e/ou reencamisamento, a possibilidade de realização de desobstrução do fundo do poço e criar uma recuperação de profundidade (informada) de um poço de 130,00 metros.( não temos garantia de sucesso, custo e riscos desnecessários!!!);
-Cabe observar que a filmagem encontrava-se com a água muito turva , dificultando a visualização de possíveis estruturas que pudessem identificar o perfil construtivo do poço, foi feito busca e a procura aos arquivos antigos e dados de funcionários , não obtivemos nenhum dado que possibilite identificar os mecanismos que estão obstruindo o poço e que impossibilitam atingir profundidades maiores que 60,00 metros.(não existe relatório construtivo , projeto e informações concretas sobre o real perfil e sua profundidade)descartamos essa solução;
2. Solução: RECOMENDAÇÕES PROPOSTO E OBSERVAÇÕES:
2.1-) Com o poço tendo disponibilizado 60,00 livres dentro do revestimento de 6″, existem possibilidade reais que podemos atuar dentro do poço e realizar a continuidade dos trabalhos de revestimento;
2.1.1-)Realizar um teste de vazão, produção com o poço nas condições atuais para verificação de um range que possibilite validar a operação de reencamisamento do poço a 60,00 metros;
-Não foi a contento, pois os trabalhos de descida de tubulação e conjunto moto bomba de 6 pol. ao nível dinâmico e realizar trabalhos de avaliação preliminar de vazão a ser projetada e possibilidade de coleta de água (antes dos 48,00 m do ponto de ruptura na tubulação, que possui fluxo de água para dentro do poço);
-O poço foi medido para verificação da situação atual para posicionamento de bomba e realização da pré avaliação do poço, verificamos que o mesmo continua com o seu processo de assoreamento, ele apresentou uma profundidade útil atual de 44,00 metros (60,00 m inicial encontrado);
– Foi posicionado o equipamento de bombeamento a 41,50 metros de profundidade para realização do pré teste de vazão;
– Iniciou-se um processo de tentativas de recondicionamento da produção de água a um nível controlado de 41,00 metros e o controle do fluxo e vazão com produção de muito material sólidos ( areia) devido ao rompimento da tubulação;
– Verificou-se que no arranque da bomba a mesma parte com 5,0 m3/hora , porem devido a grande produção de areia , não é possível controlar o fluxo de água e manter em um nível estável para validação dos dados de vazão. Os níveis caem muito rapidamente e os valores de produção em recuperação estão na ordem de 1,5m3/hora , porém sem controle e estabilização dos trabalhos.
As perguntas que geram para esse problema:
1-) Consigo obter uma produção efetiva com o revestimento geomecânico para 4 pol. com o Bombeamento de 4 pol. para 60,00 m de profundidade, em que ordem L/h, já que o teste está comprometido?
2-) Essa produção efetiva de água (L/h) para o reservatório de 864 m³, terei ganhos e sucesso de economia,para o enchimento do reservatório, em quanto tempo?
3-) Devo persistir com o poço em buscar a profundidade em decorrer do tempo,o mesmo está assoreando em 44,50 m livres dentro do revestimento de 6 pol.? E a produção efetiva de água (L/h), a essa profundidade ?
4-) A solução é entrar novamente com bombeamento, c/ equipamento de ar comprimido de alta pressão e vazão, para limpeza do poço, e atingir o que foi encontrado inicialmente ao 60,00 m e logo executar o revestimento geomecânico?
5-) Em tratando se do assoreamento, que momento farei a análise d água, para evitar se a operação do revestimento geomecânico, custos, risco do insucesso e perda do poço?
Aguardo em breve o seu retorno e obrigado pela atenção desprendida.
Atenciosamente,
Luiz Fernando
P.S.: É como disse: “ Nós vamos resolver isso !”
Olá, Luiz Fernando. Bem-vindo ao blog. Em razão da quantidade fantásica de dados que você nos traz, tenho a necessidade de pedir a você um tempo para a resposta. É uma discussão riquíssima e não gostaria de perder nada dela. Volto mais tarde. Adorei esse negócio!
Um abraço.
Abreu
GOSTARIA DE DICA DE MELHOR ROTA DE ARACAJU PARA BRASILIA , ONDE PARAR PARA DORMIR E ALIMENTO . FICO NO AGUARDO.
Olá, Fernanda. Bem vinda ao blog. Estou em Salvador, preparando meu retorno para Brasília lá por volta do dia 20. Por outro lado, um amigo nosso, Luciano, fez de Aracaju a Salvador(300 km), anteontem, em 3 horas. Isso porque, com a nova ponte que sai em Mosqueiro, acabou a necessidade de pegarmos a BR 101 até Estância. Isso significa que você deverá fazer Aracaju-Salvador também em 3 horas. Vou explicar porquê. O Luciano viajou em alta velocidade porque precisava de alcançar o sepultamento de um amigo comum nosso. Isso significa que você, sem essa pressa toda, demoraria um pouco mais. Mas ele teve entrar em Salvador e vencer o trãnsito terrível do final de tarde. Você não.
Assim, saia de Aracaju pela ponte nova e faça toda a viagem pela Linha Verde. Ao se aproximar de Salvador, fique esperta. Passando por Lauro de Freitas, você chegará em frente ao Aeroporto. Na rótula (balão, queijinho, bambolê, rotunda, rotatória) do Aeroporto, há uma saída à direita que você deve pegar. Se errar, sem problemas: faça o percurso da rótula inteiro e volte para onde você estava.
Ao apanhar essa saída pela direita na rótula do Aeroporto, você já estará apontada para a BR 324 (Salvador-Feira de Santana), sem nem tomar conhecimento da cidade e do trânsito de Salvador, saindo lá na frente, já nas imediações de Simões Filho.
Assim, se tudo correr legal, três horas depois de sair de Aracaju, você estará na BR 324, a cerca de 1400 de Brasília, a 400 km de Lençois, a 450 km de Seabra, a 650 km de Ibotirama e a 850 km de Barreiras. Em qualquer dessas cidades, você poderá pernoitar e jantar (nada de almoçar em restaurante de beira de estrada). Os preços de hospedagem variam de R$ 350,00 (diária de casal) em hoteis maravilhosos (Canto das Águas, em Lençois, por exemplo), a R$ 30,00 por casal em pousadinhas simples tipo B&B (bed and breakfast, ou seja, cama de café da manhã).
Desse modo, de acordo como sua viagem evolua, você irá decidindo em que cidade você vai parar. Em qualquer situação, no dia seguinte você chegará a Brasília.
Agora, pelo amor de Deus, Fernanda, não viaje à noite: não há a mínima necessidade nem racionalidade nisso. Pare antes de o sol de pôr. De preferência, um pouquinho antes, para dar uma voltinha na cidade onde você vai dormir.
Se você sair às 06h00 de Aracaju, possivelmente você estará em Seabra às 14h00, em Ibotirama às 16h30min e em Barreiras às 19h00. Não viaje à noite, repito! Ao passar por Ibotirama você saberá se deverá dormir lá, ou se dá para chegar a Barreiras ainda com luz do sol. Juízo, hein!
Duas recomendações finais:
a) estude direitinho o caminho por Ipirá, que recomendamos para evitar a “Matadeira” (Rio Bahia, BR116). Saindo de Feira, cerca de 4 km depois de passar pela Polícia Rodoviária Federal, há uma entrada à direita, antes de um grande viaduto. É a entrada para Ipirá. Se errar, volte e refaça. Vale a pena. Dali a Ipirá são cerca de 75 km de estrada boa e tranquila, sem trânsito. Em Ipirá, atravesse a cidade e vire à esquerda no balão para Itaberada. Estrada ótima, 76 km sem trânsito algum.
b) atenção ao chegar a Itaberaba: os próximos 80 km há mais de 30 anos têm o mau gosto de criar buracos novos imediatamente após a passagens dos homens do DNIT.
É isso, Fernanda. Não se esqueça de abastecer a cada 200-250 km. Não deixe o combustível ficar abaixo do metade do tanque.
Boa viagem e dê notícias.
Abreu